O que faz um cirurgião vascular?

O que faz um cirurgião vascular?

Quando se fala em doenças vasculares é muito comum recomendar-se a visita a um cirurgião vascular. Afinal, este é o especialista que irá diagnosticar este tipo de doenças, como também prescrever o tratamento mais adequado.

Apesar de se falar muito em “problemas de circulação” ou “má circulação”, a verdade é que poucos sabem o que faz um especialista em angiologia e cirurgia vascular. Qual é a sua formação? Que doenças trata? Quando é que se sabe que é recomendável consultá-lo?

De modo a conseguir dar resposta a estas e outras questões, neste artigo explicamos-lhe sobre o que precisa saber acerca deste especialista, incluindo a sua formação e as técnicas que pode usar para tratar as doenças vasculares.

Qual é a formação de um cirurgião vascular?

Tal como acontece com outras especialidades médicas, o percurso deste profissional começa quando é admitido no curso de Medicina. Este é um curso com mestrado integrado com uma duração de 6 anos. No final do mesmo, terá de se inscrever na Ordem do Médicos para então ser considerado médico.

Nessa mesma altura, se o médico pretender avançar para uma especialidade terá de realizar um exame de seriação. Este exame irá determinar a posição deste profissional em relação aos seus pares para escolher a especialidade pretendida de entre as vagas que foram abertas a concurso público.

Entretanto, o médico integrará o internato do ano comum, por vezes designado de “ano geral”. Terminado este ano, será admitido no internato de formação específica da especialidade que escolheu. Este é o vulgarmente designado “curso de especialização” que, neste caso, consiste numa formação de 6 anos em ambiente hospitalar.

No final do internato irá defender o seu currículo e sujeitar-se a um exame final da especialidade. Treze anos volvidos desde o dia que entrou na faculdade, este profissional pode ser então considerado especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular (mais habitualmente designado por cirurgião vascular).

Técnicas usadas por um cirurgião vascular na doença venosa

A doença venosa crónica é a patologia mais comum no âmbito desta especialidade. Um cirurgião vascular tem formação para aplicar diferentes técnicas para abordar as várias apresentações clínicas da doença venosa crónica:

  • Escleroterapia: eliminação de telangiectasias (“derrames”) ou varizes com aplicação de uma substância química que leva ao encerramento destas;

  • Cirurgia endovascular: tratamento minimamente invasivo de determinados tipos de veias insuficientes por radiofrequência ou laserterapia;

  • Cirurgia aberta: neste caso, o médico pode usar o stripping (excisão da veia por meio de um dispositivo introduzido no interior da mesma) ou a miniflebectomia (técnica complementar à cirurgia endovasculare e ao stripping).

Um profissional que faz muito mais do que cirurgias

Muito mais do que conseguir tratar a doença venosa crónica através de métodos cirúrgicos, o cirurgião vascular tem também um papel fundamental em explicar aos seus pacientes as doenças em questão e quais os melhores tratamentos disponíveis. Além disso, o cirurgião vascular observa e segue muitos pacientes que não necessitam de cirurgia.

Mesmo quando o paciente faz a sua cirurgia, este especialista é responsável por acompanhar todo o processo pós-cirúrgico, de acordo com a gravidade da patologia.

Que outras doenças o cirurgião vascular trata?

Conforme foi dito, a especialidade de angiologia e cirurgia vascular engloba o tratamento de diferentes doenças vasculares. As mais comuns são as telangiectasias, varizes e outras apresentações da doença venosa crónica, no entanto, existem outras patologias que este profissional trata, como por exemplo:

  • Aneurismas: quando uma artéria apresenta uma dilatação anormal, com maior risco para a sua rotura e consequente hemorragia;

  • Doença Arterial Periférica: que pode afetar diferentes regiões do corpo (por exemplo, as artérias dos membros, pescoço, cérebro). É o resultado da acumulação progressiva de placas de aterosclerose causando um estreitamento das artérias e comprometendo assim o aporte de sangue rico em oxigénio e nutrientes nos diferentes territórios do corpo. É uma patologia silenciosa até se manifestar com um AVC, dor nos membros inferiores ou até mesmo gangrena nos pés;

  • Linfedema: é o inchaço que surge numa determinada parte do corpo, normalmente provocado pelo mau funcionamento, obstrução ou malformação dos vasos linfáticos.

Quando é que sei que preciso de um cirurgião vascular?

Se apresentar sintomas venosos deverá considerar ser avaliado por um cirurgião vascular. Os sintomas venoso incluem um amplo leque de queixas relacionadas com a doença venosa crónica como, por exemplo, sensação de pernas inchadas, pesadas ou cansadas, ou até mesmo, sensação de formigueiro, dor e, raramente, cãibras. Estes sintomas são mais sugestivos de doença venosa crónica se se manifestarem mais com o calor e em posição ortostática (posição de pé), e aliviados com a elevação dos membros.

No caso de ter fatores de risco cardiovasculares, em particular, ser fumador e/ou diabético, é importante estar atento a sintomas como, por exemplo, a claudicação intermitente (dor nas pernas que interrompem a marcha), gangrena de dedos, sintomas sugestivos de um AVC, entre outros.

Porquê? Porque o cirurgião vascular poderá assim ajudar a prevenir ou tratar problemas de maior para a sua saúde. Se sente que é o seu caso, marque uma consulta com um cirurgião vascular.

Muitas vezes, os doentes são referenciados a um cirugião vascular por outras especialidades.  Um profissional que encaminha bastantes doentes é o cardiologista. Os doentes com doença coronária (angina ou enfarte agudo do miocárdio) têm maior risco de apresentar doença noutras artérias, o que pode levar à necessidade de ser avaliado por um cirurgião vascular.

O neurologista, quando perante um paciente que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), também poderá encaminhar o doente para um cirurgião vascular para tratar, por exemplo, uma obstrução nas artérias carótidas.

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